sábado, 31 de dezembro de 2011

O Natal que Passou e o Ano Novo!

Estou sempre por fora do espírito natalino, por isso, nos últimos anos, procurei escrever artigos que azeitassem meu ânimo antes da ceia em família ou com amigos, aproveitando também, como milhões de brasileiros, para me convencer de que o ano vindouro traz sempre boas novas.
No fechamento de 2011, decidi falar sobre uma fornada da qual não conheci o tempero final. Devido a compromissos profissionais, não pude me juntar aos convivas de uma festa, anunciada de última hora, para uma semana antes do Natal. Dessa forma, aproveitando a deixa do principal prato da ceia cristã, apresento este artigo quase como um autêntico ‘‘peru de fora’’, como se diz no jargão popular. O termo define aqueles que espiam as coisas à meia distância e resolvem dar opinião, o que não é bem o meu caso.
Na semana que antecedeu o Natal, muita gente foi surpreendida com o anúncio da realização do 4º Festival Rolla Pedra. O público nem acreditava mais que poderia ocorrer o evento no finalzinho do ano. O festival é um dos mais bem estruturados da cena musical brasiliense. Sua viabilização precisou seguir contingências do poder público, fato que deixou evidente os motivos pelos quais a programação teve que ser agendada para o meio da última semana, digamos, “útil”, de 2011, com garantia da liberação da verba. Quem acreditava com ansiedade na confirmação do Rolla Pedra, com certeza sentiu alívio, mas o atropelo de agenda, causado pela falta de respeito com o rock candango, nossa maior identidade cultural, é incompreensível. 
O que o rock deu para Brasília, por meio de iniciativas surgidas em todo DF e Entorno, não recebeu, até agora, o merecido reconhecimento no calendário oficial. Isso é revoltante! Por anos, pessoas de outros estados sonharam conhecer a cidade por causa do título de “Capital do Rock”. Quanto a essa aura, que ninguém se decepcione: o rock sempre fervilhou pela região a custa de iniciativas coletivas de base. No entanto, em se tratando de política pública, a FRUSTRAÇÃO de quem visita a “Brasília Capital do Rock” é indisfarçável. "A César o que é de César". Os turistas roqueiros não compreendem como o governo local injetou, anos após anos, milhões de reais em um carnaval que não tem a menor empatia cultural com a cidade,  deixando importantes festivais de rock à míngua, como se o gênero musical fosse um ‘‘peru de fora’’... Lembram do que fizeram com o FERROCK?! Lembram?! Simplesmente a verba total estimada para o mais antigo festival de rock do DF, realizado tradicionalmente em outubro por mais de duas décadas e meia sem interrupção, não saiu em tempo hábil em 2011. As principais atrações decidiram não tocar, fato que causou grande desgaste para os organizadores, que decidiram manter a data, já anunciada publicamente, na esperança de um revés milagroso no trâmite de papéis, carimbos e pareceres. O desencontro com o expediente da Secretaria de Cultura espantou significativa parcela do público durante o 26º FERROCK... O mesmo só não aconteceu com o 4º Rolla Pedra porque a produção desse outro festival, escaldada com o exemplo, deixou sua data ‘‘em aberto’’, esperando a boa vontade do poder público... Mas, como diria a velha canção da banda brasiliense Peble Rude, ‘‘Até quando esperar?!’’
Sem forçar muito a memória, listamos iniciativas guerreiras como Headbanger´s Attack, Duelo de Bandas, Rock Cerrado do Gama, Rock na Vêia, Quaresmada, Retina Rock e ‘‘Poerão’’ do Rock, todos acontecendo há anos sem o merecido respaldo de incentivos públicos, salvo em algumas ocasiões. Até mesmo os consagrados Marreco´s Fest, o maior festival de heavy metal do Centro Oeste, e o Porão do Rock, um dos maiores festivais de rock do Brasil, enfrentam dificuldades para fechar suas agendas a cada ano. As casas noturnas que abrem espaço para bandas autoriais ou  covers de bandas famosas, por sua vez, mesmo com todo clima de paz que cerca as noitadas roqueiras, são perseguidas, o que estranhamente não acontece com gêneros musicais da moda, replicantes do ditame radio-televisivo. 
A questão não é show business. Quem faz o a cena roqueira de Brasília não quer somente apoio em dinheiro, mas, falando de forma coletiva, exigimos isso! Não queremos apadrinhamentos e apedrejamos isso! Não queremos que as outras manifestações culturais sejam deixadas de fora, mas queremos, por direito, estar dentro das políticas públicas! Repito: “ A César o que é de César”... ou Brasília, cidade inaugurada no mesmo dia da fundação de Roma, vai pegar fogo!
Vamos reescrever nossa trilha sonora! Vamos resgatar a “Capital do Rock”.Temos uma história rica, mas não dá para viver só do passado, o qual, diga-se de passagem, tem dívida com os fatos, pois não registra a importância das bandas das Satélites e do Entorno para a formação da identidade cultural da cidade. Brasília não pode mais se deixar ser vista como uma ‘‘ilha da fantasia’’, mantida por caprichos de magnatas intocáveis, conchavos políticos e filhinhos de papai, enquanto para a grande maioria da população Papai Noel não vem. Nessa parcela da sociedade estão os não-apadrinhados, seja na cultura, na educação ou em outras áreas de interesse coletivo.
Quando os olhos da nobre casta enxergar além das janelas douradas pela mídia, das árvores enfeitadas de Natal, das benevolências e dos contos de fadas, talvez o rock de toda região comece a ter o merecido respeito. As bandas e o público da periferia, os pequenos e médios festivais e as casas de shows espalhadas pela região, também fazem parte do rock da “Capital do Rock”. Precisamos misturar Plano Piloto, Satélites e Entorno para engrossar o caldo em um imenso caldeirão do rock´n roll, pelo fim das panelinhas, fortalecendo e fazendo fervilhar a cena o ano todo!

Postado po Tomaz André, Zine Oficial ( http://www.zineoficial.com.br/ )

GRITO NA INTENET: FAÇA A DIFERENÇA NO MOVIMENTO BRASÍLIA CAPITAL DO ROCK

Acesse CLICANDO AQUI o abaixo-assinado em apoio ao Movimento Brasília Capital do Rock. Entendemos que é preciso fortalecer a cena, de maneira mais abrangente, por isso é importante seu comentário em apoio às bandas de todas as cidades do DF e também do Entorno. Dessa maneira, o Movimento não ficará restrito aos eventos realizados no Plano Piloto, como tem acontecido com iniciativas semelhantes, sempre prestigiando as cercanias do poder. Para enfatizar sua adesão no sentido de que os incentivos públicos devem contemplar toda comunidade roqueira da Região, clique AQUI e deixe registrada uma mensagem em apoio às bandas da periferia. Mostre atitude! A hora de soltar seu grito é agora!