Platão |
Não existiam computadores no século IV a.C., quando filósofo grego Platão
escreveu o Mito da Caverna,
texto conhecido também como Alegoria da Caverna, Prisioneiros da Caverna ou Parábola
da Caverna. Às vezes eu viajo longe no tempo! Fazendo uma associação entre os prisioneiros da caverna, descritos por Platão, e alguns usuários da internet, concluo que as pessoas determinadas a se envolver efetivamente na cena roqueira do DF e do Entorno, e também interagir no cenário nacional, deveriam sair mais de trás do computador e viver a vida real. Acredito que o contato pessoal e o intercâmbio dissipam conceitos pré-estabelecidos ou pelo menos fazem as pessoas se conhecerem melhor antes de chamarem umas às outras de amigas. Ou inimigas.
A íntegra do texto O Mito da Caverna, caso alguém decida aprofundar-se um pouco
mais, encontra-se no sétimo livro da obra A República.
Em seu enredo, Platão convida o leitor a imaginar um muro bem alto
separando o mundo externo e uma caverna.
Na caverna existe uma fresta por onde passa um feixe de luz exterior. No
interior da caverna permanecem pessoas que nasceram e cresceram ali, acorrentadas
e forçadas a olhar somente a parede do fundo do lugar onde moram, onde são projetadas
sombras de outros seres humanos que, além do muro, mantêm acesa uma fogueira.
Pelas paredes da caverna também ecoam os sons que vêm de fora, de modo que os
prisioneiros associam tais vozes às sombras. Assim, julgam que essas
sombras sejam a realidade. Em um determinado momento, um dos prisioneiros consegue
se libertar das correntes que o mantém longe do mundo exterior. Ao sair ele descobre que as sombras eram feitas por homens como ele. Caso o
fugitivo decida voltar para revelar aos seus antigos companheiros a
realidade, segundo Platão ele correrá o risco de ser ignorado ou morto. Em
minha opinião, a verdade absoluta é perigosa no sentido de que a certeza de uma
coisa, e a pré-disposição por uma leitura dinâmica, muitas vezes impede que pessoas que não se conhecem travem debates construtivos na rede mundial de computadores. Alguns textos passam como sombras projetadas tremulamente na tela do micro, como as sombras da caverna de Platão. Nos dois casos, as pessoas vêm o que querem ver.
Tenho um exemplo oportuno: fui chamado de chato
no Facebook porque questionei uma das inúmeras campanhas que chegam por aquela
rede social. O pior de tudo é que eu nem estava discordando da tal campanha,
apenas pedindo mais informações e tecendo comentários sobre alguns pontos de um boicote ao projeto de um deputado, que homenagearia Renato Russo, líder da banda brasiliense Legião Urbana. Jamais votaria no referido
parlamentar, muitas vezes denunciado em casos de corrupção, mesmo assim fui
taxado de puxa-saco só porque caí no “erro” de questionar os termos utilizados no
tal boicote, em um assunto nem de tamanha relevância. Resultado: além de me
chamar de chato e me mandar tomar no cu, finalmente o promotor da tal campanha
me excluiu da lista de seus amigos virtuais. Talvez eu seja chato mesmo, mas
melhor ser chato do que “populesco”. O que eu não curto eu não curto, mas
respeito a opinião de quem curte. Pelo menos na maioria das vezes, é claro. Tem coisas que não dá para aguentar. Não sou nem tanto de ir pela sombra, nem burro de me jogar na fogueira. Reportando o fato, e mais uma vez entrelaçando comparações entre coisas distintas, faço coro com as palavras da
banda paulista O Mito da Caverna, que tocará em setembro pela primeira vez em
Brasília, acompanhada pelas bandas brasilienses Omfalos, Subterror e Soror. Ao abrir aspas para as palavras da banda paulista, ressalto que são palavras que caem como luva para ilustrar que a internet
tem sido uma caverna de intolerância, luz inadequada para leitura mais atenta e recorrentes
casos de má interpretação de textos. Vamos à transcrição Ipsis litteris, assinaladas com aplausos
meus:
“Certamente
queremos dividir pensamentos com você, porém não temos a menor intenção de te
agradar ou ser agradados por você. Não queremos de forma alguma forçar teatros
de antipatia, menos ainda continuar a realizar a apatia.” Aplausos meus 1!
A banda reforça que o internauta deve estar “ciente
de sua inclinação pelo grande (e por ora perdido) sentido da vida: Liberdade”.
Cutucando quem não consegue lidar com pontos de vistas diferentes, o grupo Mito
da Caverna diz ainda: “Esteja certo de que você não carrega consigo conceitos
homofóbicos, direitistas ou inflexíveis de esquerda; de que não nutre patriotismos,
xenofobia e juras a bandeiras de nenhuma espécie. Caso se encaixe em algum
desses itens e, ainda assim, insistir em acessar-nos, que ao menos esteja
aberto a debater racionalmente e sem ameaças e ofensas os seus pontos de vista.”
Aplausos meus 2!
Tomaz André, www.zineoficial.com.br
Ah! A postagem dos comentários acima foi estimulada pela passagem da banda paulista O Mito da Caverna por Brasília. Foi a primeira apresentação da banda na Capital Federal. Para registro, deixo abaixo detalhes de todas as bandas que se apresentaram no evento, realizado a partir das 18 horas no dia 8 de setembro de 2012 , no Bar Raízes, na quadra 408 da Asa Norte, com ingressos a R$ 8,00.
Mais detalhes sobre as bandas do festival:
O MITO DA CAVERNA (Funeral Doom - SP) www.myspace.com/omitodacaverna
O estilo da banda pode ser chamado de Funeral Doom ou Grindcore Morto,
fica a seu critério. Pela primeira vez no DF, a banda aproveitará esse evento
pra divulgar seus 2 últimos lançamentos. Um split com a banda Deaf Kids e seu
primeiro full length que levará o nome de "Os condenados da terra".
O mito da caverna conta
atualmente com ex membros do Praia de vômito e membros do
Massacre em alphaville e Narayama. Doom extremamente lento e perturbado, com
influências de crust e um forte discurso político, certamente "O mito da caverna" irá te
atingir de alguma forma. Euforia ou desespero.
OMFALOS (Black Metal/Grindcore - DF)
OMFALOS (Black Metal/Grindcore - DF)
Grupo composto por 2 membros. Os
mesmos, são responsáveis por toda elaboração do processo de composição.
Thormianak (guitarras) e Misanthrope (vocais), uma diversidade sonora que
procura mostrar os conflitos mais intensos na mente humana como depressão,
insônia, síndrome claustrofóbica e do pânico, entre outras misturando recursos
sonoros, visuais, Jodorowsky e Balão Mágico.
SUBTERROR (Crust - DF)
Formado em 2009, o Subterror tem
fortes influências do crust anos 90 e stenchcore. Em suas letras, retratam o
ser humano e suas adequações nulas e ganânciosas desde o início de sua
existência. Agora em trio, a banda aproveitará o evento para divulgar o split
7" com a banda húngara “Do you think I care?”.
SOROR (DF)
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