A “renovação” da cena do DF e Entorno tem gerado diversas
discussões e pontos de vistas diferentes. Na plateia do Rock Cerrado 2012, com a Praça
do Cine Itapuã repleta, vi muita gente das antigas e muita gente nova, mas vi
poucos integrantes de bandas novas, prestigiando da plateia um evento de
tamanha importância, no qual muitas bandas sonharam e ainda sonham tocar, caso
a anunciada morte do festival não se concretize. Como editor do Zine Oficial,
conheço muitas bandas e seus integrantes. Já fizemos em torno de quatrocentas resenhas
em sete anos de publicação e mais de 120.000 exemplares impressos, somadas as
40 edições lançadas até o momento. Mesmo assim, é impossível lembrar de todo
mundo. Digo isso avaliando do meu ponto de vista, mas acredito que seja assim
com os produtores de eventos também. Talvez por isso, acabam lembrando e convidando
mais vezes as bandas que tocam com maior frequência. Vem daí a sensação de “panelas”:
uma reclamação recorrente, que parte na maioria das vezes de integrantes de
bandas novas, mas também de bandas antigas que se colocam à margem de processos
seletivos para os mais diversos eventos ou não conseguem ter acesso aos produtores.
Primeiro, quero registrar minha opinião: acho que quem
carrega o piano tem o direito de escolher quem vai tocar. Dito isso, é preciso
dizer também que os criadores do Rock Cerrado sempre abriram espaço principalmente
para bandas do DF na Região do Entorno Sul. Contrariando o próprio nome, o
Grupo Cultural Os Parasitas do Sucesso organizou o Rock Cerrado de 2012, assim
como muitas outras edições, tirando dinheiro do próprio bolso e fazendo
arrecadação entre amigos e comerciantes, sem patrocínio do governo. SEM NENHUM
REAL MESMO! O "apoio" que saiu nos cartazes, com a marca do GDF, foi
somente um afago para que as autoridades não embaçassem a montagem do palco em
área pública. Integrantes das bandas escolhidas para tocar este ano sempre
ajudaram de uma forma ou de outra, mesmo quando não tocaram, a divulgar e a
realizar o evento em diversos anos da existência do festival, por isso foram chamadas,
ou melhor, CONVOCADAS para o que pode ter sido o último Rock Cerrado do Gama.
UMA JUSTA RETRIBUIÇÃO. Não se trata de “panela”, mas de ação. Como não havia
patrocínio, as bandas tocaram sem cachê e ainda trabalharam na divulgação. Sendo
observador de muitos eventos, e de vez em quando ajudando em algumas produções,
acho que para haver renovação, é preciso mais ação das bandas novas. Com a
decisão de passar o boné, anunciando o fim do Rock Cerrado, os remanescentes do
grupo que criou o festival talvez tenham alertado essas bandas para tal
responsabilidade. Quem se habilita a continuar o projeto? Quem se habilita a
carregar o piano? Ao contrário de renovar, alguns rostos novos na plateia
protagonizaram um fato lamentável, gerando provocações que desandaram para agressão
física a um dos artistas, veterano na cena do Rock no DF e Entorno, e
consequente reação. A escaramuça, felizmente, foi contida pelo eficiente
trabalho da segurança do evento e apoio da polícia militar. O incidente, apesar
de lamentável, não tirou o brilho da noite. Pelo que sei, teve quem procurasse
o coordenador do Rock Cerrado, se apresentando como autoridade no camarim, prometendo
mundos e fundos para que o festival não acabe, devido à sua história e ao
grande sucesso que foi o evento deste ano, mais uma vez! Se tais promessas se
concretizarem e se o mundo não acabar em dezembro de 2012 como previram os
maias, tenho certeza de que haverá Rock Cerrado em 2013. Essa é a hora de novas
bandas mostrarem as caras, dos integrantes dessas bandas comparecerem aos shows
de outras bandas, fazerem intercâmbios, conversarem com os produtores, com os
donos das casas de shows. Existem muitos projetos independentes rolando, muitos
lugares por todo DF onde se pode tocar. Veja agenda de shows no site www.zineoficial.com.br .
Tomaz André, Zine Oficial.
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