segunda-feira, 25 de julho de 2011

Jovem demais para morrer


Nenhum jovem roqueiro costuma se imaginar daqui a 20, 10, 5... 1 ano. Fica a pergunta: o rock ainda estará em sua vida por muito tempo?! Para algumas pessoas que marcaram a cena em todo planeta, e também a nossa cena local, conciliar o mundo do rock e a velhice foi impossível.

Em 2010 comecei escrever a série de 8 edições especiais do Zine Oficial intitulada ‘‘Velhos demais para o Rock´n Roll?’’, referência ao dilema de uma clássica canção da Jethro Tull, banda inglesa formada em 1967. Os fascículos serão publicados em 2012. Este artigo mencionando o livro não se trata de oportunismo para promovê-lo. O motivo é fazer um parâmetro com as circunstâncias que envolveram a morte da jovem Amy Winehouse e tentar apontar uma das causas pela qual não se viam muitos roqueiros velhos. Causas que podem ter se repetido mais uma vez em 2011. Amy era cantora de jazz, soul e rhythm and blues. Foi um dos maiores fenômenos associados ao rock a partir de 2003 pela imprensa do mundo todo.

Por coincidência, na mesma noite da morte de Amy Winehouse, Mário Pazcheco, um dos primeiros fanzineiros de rock do DF, abriu as portas de sua casa no Guará II para uma bela confraternização entre velhos roqueiros, sem saber do fato que se desenrolaria. A notícia da morte da cantora inglesa, que há anos vinha lutando contra o vício de álcool e outras drogas, não abalou o ânimo dos convivas, a maioria na casa dos 40 anos e ainda firme, porém despertou reflexões no grupo que estava à mesa comigo.

Recorro à apresentação do livro ‘‘Velhos demais para o Rock´n Roll?’’ para enfatizar que as protagonistas da trama, bem como muita gente que conhecemos no dia a dia, tinham planos e sonhos para mudar o mundo, ou pelo menos revolucionar as próprias vidas. Freqüentavam shows assiduamente no DF e Entorno, esbanjando vitalidade, mas desapareceram antes de completar 40 anos, como se tivessem partido para o além, sem deixar vestígios.

A alegria de ver muita gente quarentona numa festa do rock em 2011 é um contraponto feliz ao livro ‘‘Velhos demais para o Rock´n Roll?’’. Embora fatos relatados tenham referências históricas, nada impede que recaiam a qualquer tempo, pois a vida é feita de ciclos que se repetem desregradamente. O diagnóstico sobre o destino final das personagens são especulações vagas e prematuras, fruto do imaginário coletivo sobre o paradeiro de gente amada ou nem tanto, como em qualquer fábula preparada para remediar o tédio e embalar nossas vidas.

No pequeno universo do rock alternativo que frequentamos, temos exemplos dramáticos de gente que se foi, mas que poderia estar conosco ainda, tomando como parâmetro a pouco idade que tinham. Voltando o foco à recente morte de Amy Winehouse, devo dizer que ela não estava velha demais para o rock. Sua partida prematura em 23 de julho de 2011, aos 27 anos, gerou especulações. Ela junta-se a estrelas internacionais que não chegaram sequer aos 30 anos, entre as quais Kurt Cobain, Jim Morrison, Brian Jones, Jimi Hendrix e Janis Joplin.

No seu último show, em 19 de junho de 2011, em Belgrado, Amy Winehouse  fez uma atuação visivelmente embriagada, motivo pelo qual chegou a ser vaiada pelos fãs sérvios. Pouco mais de um mês depois, os rumores de que a cantora britânica morreu por overdose ganharam mais força no domingo, dia 24 de julho, após alguns tablóides locais noticiarem que ela foi vista na noite de sexta-feira (22), um dia antes de sua morte, comprando drogas perto de sua residência. Segundo as fontes entrevistadas pelos jornais, entre as substâncias compradas estavam cocaína, ecstasy e ketamina (usada como tranquilizante para cavalos). Outro grande problema de Ammy era o álcool. Após ouvir a notícia do final de sua vida na festa em que eu estava, justamente no dia do acontecimento, curtindo rock com um bando de quarentões iguais a mim, entre os quais alguns nem bebem, confesso que não cheguei a abandonar o copo nem por um minuto, em silêncio por Amy Winehouse, o que seria de profunda hipocrisia minha. No entanto, estou pensando em levar mais a sério o projeto de reduzir drasticamente a bebida. A partida de Amy martelou muito a minha cabeça na ressaca do dia seguinte.

(Tomaz André, editor)

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Um pedaço da história do Movimento Cultural Candango: A Galeria Cruzeiro-Eixo e outras iniciativas populares no DF

"Abençoado com muitos acordes de rock roll, exposição, poesia, cinema e rua de arte, surgiu espontaneamente no final dos anos 1970 nas escadarias da Igreja Nossa Senhora das Dores, no bairro do Cruzeiro Velho, o movimento cultural comunitário Galeria Cruzeiro-Eixo e que rapidamente se transformou num dos maiores movimentos culturais comunitários do Distrito Federal, o Canta Gavião.

Como naquele final dos anos 1970 o país ainda vivia os efeitos da ditadura militar, a juventude passava por momentos de transformação revolucionária. Brasília também vivia esse turbilhão e os estudantes da UnB organizavam shows de rock ao ar livre no campus da universidade.

A Galeria Cabeças trazia o som erudito e popular na 411 Sul do Plano Piloto e depois no Parque da Cidade. A 312 Norte, também no Plano, fervia musicalmente com o Panelão da Arte. Em Taguatinga as atividades culturais rolavam com o Cine Clube Caixa D'Água e o Movimento Rolla Pedra. No Gama as coisas iam mais para o festival de música e as sessões de cinema no Cine Itapoã. Todos inseridos no Movimento Candango de Dinamização da Cultura Candanga, o CUCA, que era o fórum de debates no qual os intelectuais, artistas, produtores e a comunidade em geral tinham como alternativa para pressionar o Poder Público em cumprir com seus compromissos com a sociedade. De uma forma ou de outra certamente a criação do Conselho de Cultura do DF e a própria implantação do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), estão intimamente ligados ao CUCA."

Em matéria publicada no Zine Oficial impresso número 36, Retina Rock/2011, o jornalista e programador cultural Robson Silva Fogoió (http://robsonjsilva.wordpress.com/), que é parte integrante, relata um pedaço importante da história cultural do DF, passando pelo CineClube e Concerto Canta Gavião, destacando nomes como Aborto Elétrico, Renato Russo, Fê Lemos, Sepultura, Cássia Eller, Vladimir Carvalho, Tetê Catalão, Nicholas Behr, Udi Grudi, Miquéias Paz e outros importantes artistas.

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